P112 – Streets of Fire: African Urban Musics between Resiliencies and Insurgencies
9 July, 14:00 – 15:30

Convenor(s)
Leite Pedro Pereira / Centro Estudos Sociais Universidade Coimbra
Castro Maurício Barros de / Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Abstract

The identity process in contemporary African cities handles ambivalently with their sounds. Paradoxically, in the globalization process, detraditionalization sensitive have been reveals the local specificities. So we can ask if rhythms and musical groups in Africa are forms of resistance and insurgency
Assuming that music is a way of collective experience and the redefinition of space, the aim of this panel is to examine the meanings of discourses and practices on African urban music to identify cultural identity and dynamic processes of resistance.
We aims critically interrogate the analytical categories of social science and its institutional political dimensions through looking at the heritage processes of urban music of the African diaspora in crossing to the musical performance practices in Africa.
Thus, we propose analyze cases of patrimonialization fado in Portugal and samba in Brazil, in comparison with the practices of Semba in Angola, and Marrabenta in Mozambique, as phenomena of social emancipation.
We propose to look at the performing grammars of resistance and its equity adjustment from its scholarly, ethnographic and sociological construction, to interrogate the political dimension of African musical expressions and the black diaspora.

Ruas em fogo: Músicas urbanas africanas entre resiliências e rebeliões
A construção das narrativas identitárias nas cidades contemporâneas lida de modo ambivalente com as suas sonoridades. Paradoxalmente a destradicionalização do sensível nos processos de globalização vem vindo a afirmar a dimensão das especificidades locais.
Partindo da hipótese de que a música é um elemento activo na construção de uma experiência coletiva e na ressignificação do espaço, o objectivo deste painel é analisar os significados dos discursos e das práticas sobre as músicas urbanas para identificar processos identitários e dinâmicas culturais.
Procuramos interrogar criticamente as categorias analíticas das ciências sociais e as suas dimensões político institucionais através do olhar para os processos de patrimonialização das músicas urbanas em cruzamento com as suas práticas performativas. Analisar casos da patrimonialização do fado e do samba, em confronto com as práticas do semba e da marrabenta como fenómenos de emancipação social.
Propomos olhar para as gramáticas performativas e os seus ajustamento patrimoniais, a partir da sua construção erudita, etnográfica e sociológica, para interrogar a dimensão política das expressões musicais como processo de acção da afirmação e relação geracional e a catalização de modos de estar e de construção de saberes Procuramos analisar os limites dos processos de patrimionialização como produtores de inovação cultural na construção das identidades urbanas.

Paper 1

Mangin Thimothy / New York University

Realité: Politics and Islam in Senegalese Hip Hop

Recent scholarship interrogating hip hop in West Africa has tended to focus on the political and entrepreneurial agency of rappers and their fans through the analysis of lyrics and representations of Black Atlantic imaginaries. Less attention has been played to how the sound used in live performances and recordings articulates social change and agency for the invisible or socially marginalized.
This paper argues that the sound or the sono of Senegalese hip hop articulates a ?reality” derived from an acoustemology informed by a long history of pan-Africanism, borrowing of foreign musics (African diasporic and Middle Eastern), and creative use of indigenous practices. This paper analyzes the 2000 recording and performance of Politichien by the underground rap groups in Dakar, Senegal. I focus on the rap group WA-BMG-44 whose sytle of ji-hard-kor critiqued urban malaise and corruption between ?false? muslim leaders, buisnessmen, and politicians. I will show how WA-BMG-44 weaved political agency derived from African American hip hop with the non-violent resistance of local black Sufi practices in nuanced ways that gave voice to Senegal?s marginalized denizens and set the foundation for future hip hop political activism.

Paper 2

Simran Singh / Royal Holloway, University of London

Popular Music as Civil Society: Locating the political in Hiphop performance in Uganda

This paper investigates urban popular music and/as civil society in Uganda.
Ethnographies of Hiphop performances including the B-Global Hip Hop Summit are juxtaposed with phenomenological narratives of musicians. A critical analysis through perspectives from Western civil society, civil society in Africa and discussions on ?uncivil? society, segregates music first, as a medium of resilience, where issues are articulated on the basis of shared interests and collaborative action for the betterment of society; second, as a site of insurgency, identified by subversion and resistance to inadequacies of the state, revealing shared spaces that integrate both qualities.
Hiphop explicitly discusses social and political issues; performance provides a discursive space for this expression, facilitating interactions and negotiations with broader social contexts, through identity, community and collective action, all concerns of civil society. Uganda is an authoritarian state; engagement with political issues often occurs through means separate from state institutions, in informal spaces beyond the states? purview, suggesting that popular music could function as a form of political civil society.
This paper presents an insight into a vibrant popular musical culture. It raises questions about the political role of music in authoritarian states and contributes to debates on civil society in Africa, with the aim to strengthen initiatives that place music as a transformational tool.

Paper 3

Monteiro Eduardo Rangel / Universidade do Rio de Janeiro

Ladja and Laamb ? musical fights

A Ladja é uma dança de combate embalada pelo canto e o toque do tambor, um transbordamento do Laamb – tradicional luta senagalesa, que mantem viva a cultura da diáspora africana na Martinica. Trata-se de um ato nascido na resistência à escravidão – uma ação performática do corpo que vibra ao toque da pele sonora do tambores, que não se deixa domesticar pelo processo de ocidentalização, na trama sócio-política desta comunidade caribenha.
A Martinica é um estado ultramar Francês, uma ilha que já passou por violentas erupções vulcânicas e políticas, um centro de resistência cultural, onde importantes pensadores como Aimé Césaire, Frantz Fanon, René Ménil e Édouard Glissant, são fundamentais no resgate da memória, e formação de uma consciência crítica local, que se posiciona diante da tensão histórica gerada a partir da diáspora africana. Realidade esta em que a Ladja se apresenta como uma potente metáfora deste pensamento.
O objetivo deste estudo é traçar paralelos entre a Ladja da Martinica e o Laamb do Senegal, pensar como estas danças de combate compactuam com o ato de tomar posição diante do real através do poder da música e do corpo, no complexo processo de transmissão de tradições africanas na contemporaneidade. A Ladja e o Laamb são o grito, o canto, o toque do tambor que dá ritmo à revolução que se luta dançando.

Paper 4

Lindolfo João / Pontefícia Universidade de São Paulo

Songs for Freedom : Griots do terceiro milênio- Das proibições às apropriações

A Diáspora Africana que espalhou o negro pelo mundo para ser explorado na condição de escravo, muito embora carregasse uma inexorável capacidade de destruição de vidas e almas, acabou por disseminar também a cultura, a visão de mundo, forma de contato com o cosmo, e a música que constava de sua bagagem.
Os gêneros musicais originados afro brasileiros, após o período de marginalização e/ou proibição, acabaram por serem abordados pela chamada indústria cultural que, em sua inexorável ânsia por dividendos, imprime a sua capacidade de domesticação de conteúdos visando à maior aceitação pelo público e, consequentemente, um significativo alcance do “produto”.
Assim foi com o samba, que se tornou pagode, o samba reggae ijexá, que se transformou em axé music, a música caipira que se modificou para sertanejo universitário, o forró, agora forró universitário, o funk carioca, entre outros.
Entretanto, há o pitoresco caso do rap. O rap produzido nos EUAs, encontra-se repleto de ostentação e apelo sexual em suas letras. Já o rap brasileiro e o rap francês, por não se submeterem a muitas concessões, permanecem se configurando em discurso de oposição da juventude das metrópoles.
Teria esse gênero musical a capacidade de, na atualidade, apesar de não passar pelos cânones acadêmicos, influenciar positivamente nas trajetórias de alguns jovens fadados a um destino funesto? E alteraria sua percepção sobre as relações sociais e sua possibilidade de crítica e ação quotidiana?

← Back to list